Milena, menina de pele
morena e lustrosa, usava sempre arquinho vermelho para dar mais charme aos
cabelos sedosos e bem encaracolados. Os olhos pareciam duas azeitonas pretas
brilhantes. Muito vaidosa, adorava perfumes, esmaltes e maquiagem. Andava bem
vestida e maquiada, tinha belo corpo, parecia as princesas dos contos de fadas.
Todos a chamavam de Lenita, no entanto era peralta e geniosa. Gostava de
desafiar o pai, seu maior ídolo.
O dia mais feliz para Milena
era dia de chuva, ficava entusiasmada, quanta alegria!!! A chuva trazia
esperança, a certeza de um novo ciclo, o verde e o gosto de vida nova.
O pai, seu Carlos Eduardo,
homem trabalhador, honesto e que lhe transmitia excelente educação, não aceitava
o hobby de sua primogênita. Bastava ver Milena na chuva e ele gritava:
- Lenita já pra dentro! Menina, tome jeito!
Venha logo ou levará cintadas... Toda vez que toma banho de chuva fica doente,
eu não aguento comprar remédios, você fica cheia de dores, dói ouvido e
garganta. E eu fico a noite sem dormir... Vem... ou ficará sem orelhas...
A menina fingia muitas vezes
não ouvir, corria para trás da casa, degustava lentamente o cair da chuva. Mas de repente, o pai a encontrava e já
sabe... Mas Lenita não ligava, teimava em ficar mais e mais na chuva, corria
para o outro lado da casa, ele corria furioso para pegá-la. Era como se eles
estivessem brincando de pega-pega.
A mãe que amava poesia,
ficava a observar o comportamentos dos dois e torcia que Lenita conseguisse
desfrutar o delicioso banho de chuva, isso no entanto não acontecia, o pai a
resgatava e a trancava dentro do quarto.
Dizia muito bravo:
- Eita menina teimosa! NÃO
DESISTE MESMO DA CHUVA!!!
E quando começava a trovejar
novamente, renascia o gosto da menina, sentia o mesmo desafio de uma criança
ver um parque de diversão e preparar para andar em todos os brinquedos. Não
tinha jeito, Lenita repetia a cena e o pai também. Era um corre corre, só
perdiam para os pilotos de Fórmula 1.
Em um belo domingo à tarde,
estavam todos deliciando o apetitoso churrasco, e sem avisar veio a chuva, lá
foi a Lenita em câmera lenta, parecendo um pássaro quando começa a aprender
voar. O inacreditável aconteceu, todos que estavam no churrasco correram para
sentir também o sabor da chuva, como nossa heroína. Ela estava feliz demais...
Dançava, gritava, brincava com a água como se fosse bolinha de gude. Só sobrou
Seu Carlos, desta vez não gritou, ficou paralisado observando a alegria da
menina e juntou-se a ela saboreando a mais deliciosa chuva e dançaram juntos,
sentiram o cariciar das gotas d’água. Era como chovesse dentro da alma, naquele
momento descobriram juntos a luz de um novo pai e de uma nova filha.
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