quinta-feira, 20 de março de 2014

O velho do espelho


Por acaso, surpreendo-me no espelho: que é esse
Que me olha e é tão mais velho do que eu?
Porém, teu rosto... é cada vez menos estranho...
Meu Deus, meu Deus... Parece
Meu velho pai – que já morreu!
Como pude ficarmos assim?
Nosso olhar – duro – interroga:
“O que fizeste de mim ?”
Eu, pai? Tu é que me invadiste,
Lentamente, ruga a ruga... Que importa!? Eu sou  ainda
Aquele mesmo menino teimoso de sempre
E teus planos enfim lá se foram por terra.
Mas sei que vi, um dia – a longa, a inútil guerra!
Vi sorrir, nestes cansados olhos, um orgulho triste...

(Mário Quintana)

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